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Monumento da Cabanagem, de Niemeyer, é reinaugurado, em Belém

Obra de Oscar Niemeyer foi totalmente revitalizada e agora terá segurança 24 horas

Monumento da Cabanagem, de Niemeyer, é reinaugurado, em Belém Governo do Pará entrega o Monumento da Cabanagem (Foto: Marco Santos / Ag. Pará) Notícia do dia 30/12/2019

DEAMAZÔNIA BELÉM, PA - O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), entregou na manhã desta segunda-feira (30) o Memorial da Cabanagem, em Belém, completamente revitalizado. Desde a primeira semana de 2019, o governo e a Secult ficaram responsáveis pelo espaço, que antes era de domínio municipal.

 

O monumento recebeu limpeza, paisagismo, encaminhamento de pedestres e um novo projeto luminotécnico. A cripta, onde estavam os restos mortais de líderes da cabanagem, está com a exposição temporária "Vozes da Cabanagem". A segurança no local será feita pela Polícia Militar, 24 horas por dia.

Governo do Pará entrega o Monumento da Cabanagem  (Foto: Marco Santos / Ag. Pará)

 

“Eu pude participar da inauguração do monumento, em 1985 e, infelizmente, de lá para cá estava muito abandonado. Espero que agora, esse patrimônio seja preservado com a ajuda da sociedade. A Cabanagem foi a maior revolução do nosso povo”, ressaltou Rudivaldo Souza, historiador e morador de Belém que foi prestigiar o ato de reabertura do monumento.

 

O Monumento, localizado no Complexo Viário do Entroncamento, foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado pelo então governador Jader Barbalho, no dia 7 de janeiro de 1985, em comemoração aos 150 anos do Movimento (1835-1840). Com 15 metros de altura por 20 metros de comprimento, todo em concreto, o monumento simboliza a luta dos cabanos, que protagonizaram um dos movimentos populares mais importantes do Brasil no século XIX.

 

“Estamos devolvendo esse patrimônio para a cidade. Tudo isso valoriza a participação de ribeirinhos, negros e mulheres para demonstrar que juntos é possível fazer uma terra de direitos. Oscar Niemayer deu de presente essa obra e estamos aqui para valorizar nossa história para que as pessoas tenham pertencimento à sua própria história” Ursula Vidal, secretária de Estado de Cultura.

Obra de Oscar Niemeyer foi totalmente revitalizada (Foto: Marco Santos / Ag. Pará)

 

Uma exposição temporária foi montada na cripta com documentos históricos catalogados pelo Arquivo Público do Estado do Pará (Apep), a mostra apresenta oito painéis que mostram a diversidade dos povos que participaram do Movimento, incluindo negros escravizados e libertos, diversas etnias indígenas, mulheres, ribeirinhos, a elite local e pessoas de outras províncias, como é o caso do Ceará. Cada grupo lutava por seus interesses, o que fez da Cabanagem um movimento multifacetado. 

 

O governador do Pará, Helder Barbalho, visitou todo o memorial, a exposição e descerrou a placa ao lado das demais autoridades.

 

“O Pará precisa valorizar a sua história para que possamos compreender aquilo tudo que antecedeu os dias de hoje. Nós estamos fazendo este resgate, e isso, seguramente, representa um dos capítulos mais importantes da memória paraense.  Esse monumento nos faz relembrar o quanto o povo paraense é lutador, trabalhador e que não deve se conformar com pouco. Esse deve ser o sentimento aflorado em cada um de nós e isso deve ser resgatado todos os dias, trazendo também os estudantes para saber o que foi e o que ele representou". Helder Barbalho, governador do Pará.

 

O Monumento foi construído para abrigar os restos mortais do cônego Batista Campos e dos líderes cabanos Félix Clemente Malcher, Francisco Pedro Vinagre, Antônio Vinagre e Eduardo Angelim. A rampa elevada em direção ao céu representa a grandiosidade da revolta popular, que chegou muito perto de atingir seus objetivos, enquanto a "fratura" faz alusão à ruptura do processo revolucionário. O Monumento foi revitalizado após décadas de abandono e constantes arrombamentos, pichações e depredações.

 

Cabanagem

A Cabanagem foi uma revolução popular que ocorreu na Província do Grão-Pará (atual Estado do Pará) - formada pelos menos abastados da área urbana, membros da elite local e por pessoas que moravam em cabanas à beira dos rios, conhecidas como cabanos ou ribeirinhos.

 

O movimento foi motivado pelo abandono social por parte do Governo Regencial (1831–1840), que levou o povo à pobreza e falta de emprego. Até a elite local estava descontente com o Governo, e todos queriam a independência da região.

 

Embora tenha sido sufocada, a Cabanagem permanece viva na memória do povo paraense. Por isso, o bloco do Memorial continua subindo para o infinito, apontando para o distrito de Icoaraci, onde muitos combatentes cabanos foram mortos e enterrados, simbolizando a essência e os ideais do movimento.

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