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História sobre a terra preta de Santarém chega à 23ª Feira do Livro

'Terra Preta - Passado, Presente e Futuro', do arqueólogo e jornalista Edvaldo Pereira será relançado nesta sexta (30), em Belém

História sobre a terra preta de Santarém chega à 23ª Feira do Livro Edvaldo Pereira, autor do livro 'Terra Preta - Passado, Presente e Futuro Notícia do dia 30/08/2019

DEAMAZÔNIA SANTARÉM, PA - A história, a destruição desenfreada e os desafios de preservação dos sítios arqueológicos formados por terra preta, ricos em fragmentos pré-coloniais que remontam à ocupação humana na Amazônia, são apresentados no livro “Terra Preta - Passado, Presente e Futuro”, do arqueólogo, jornalista e fotógrafo Edvaldo Pereira. Editada pela Imprensa Oficial do Estado em 2018, quando foi lançada no Salão do Livro do Baixo Amazonas, em Santarém, a terá relançamento em Belém nesta sexta-feira (30), às 18h30, na 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.

 

Abundante em toda a Amazônia, a chamada Terra Preta Arqueológica (TPA) ou Terra Preta de Índio (TPI) é resultado da interação das sociedades indígenas pré-coloniais com o solo da região, geralmente pobre em nutrientes, que garantem a fertilidade. De formação milenar, este solo apresenta coloração escura, fragmentos de material cerâmico, artefatos líticos, carvão e elevados teores de vários elementos, como cálcio, magnésio, zinco, manganês, fósforo e carbono. Tais características a tornam altamente fértil e, portanto, cobiçada para atividades agrícolas e de jardinagem.

 

Artefatos 

O livro denuncia a exploração comercial da terra preta na Amazônia, em especial na região de Santarém, no oeste do Pará, sem o devido desenvolvimento de pesquisas mais aprofundadas com esse tipo de solo, inclusive para seu aproveitamento de forma sustentável na agricultura, bem como em relação aos incontáveis artefatos arqueológicos nele encontrados, registrados por cronistas e naturalistas desde o século XVI.

 

Edvaldo Pereira reforça que Santarém está sobre uma rica e extensa malha de sítios arqueológicos pré-históricos, que guardam vestígios de ocupações milenares ainda pouco estudados. “É quase impossível cavar um pedaço de chão em Santarém e região e não perceber a existência da Terra Preta e dos cacos de cerâmica misturados com este solo. Isso salta aos olhos, mesmo de uma pessoa leiga no assunto”, argumenta.

 

Segundo o autor, o interesse pelo tema se deu a partir da percepção quanto à identificação da população santarena com seu patrimônio arqueológico e à ausência de políticas públicas municipais sobre o assunto. “Fiz um levantamento da legislação santarena ao longo de sua história. É como se a Terra Preta e os demais recursos arqueológicos milenares do município não existissem. E isso é assustador”, afirma o jornalista.

 

“As terras pretas estão distribuídas em toda a Pan-Amazônia. No entanto, a terra preta de Santarém é famosa por ter sido a primeira a ser descrita por pesquisadores, ainda no século XIX. Porém, ainda hoje não conseguimos desvendar todo o processo de interação que resultou na formação da terra preta”, afirma a geoarqueóloga Lilian Rebellato, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), que orientou a pesquisa.

 

A geoarqueóloga Dirse Clara Kern, do Museu Paraense Emílio Goeldi, que assina o prefácio do livro, destaca a importância da publicação neste campo da ciência. “Esta obra possibilita ao leitor passear pelas Terras Pretas ao longo dos séculos, até os dias atuais, através do ponto de vista dos naturalistas viajantes que por aqui passaram, mostrando a importância e o fascínio que ainda hoje esses solos exercem sobre a sociedade”, ressalta Dirse Kern.

 

Fruto de uma pesquisa inédita, o livro também aponta caminhos para criação e aperfeiçoamento de instrumentos de gestão, sejam eles urbanísticos, jurídicos e tributários, capazes de reconhecer o patrimônio arqueológico e suas implicações sociais e econômicas. “É preciso buscar a participação de toda a sociedade na proteção da terra preta, enquanto componente imprescindível do patrimônio cultural e da biodiversidade regional. Além da compreensão do passado, também está em jogo a construção de um futuro melhor, ecologicamente equilibrado e sustentável”, reforça o autor do livro.

 

Biografia 

 Edvaldo Pereira é arqueólogo, formado pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), e presta consultoria científica para empresas de Arqueologia Preventiva com atuação em todo o Brasil. Em 2017 obteve a segunda colocação no concurso nacional de monografias Prêmio Luiz de Castro Faria – 5ª edição, promovido pelo Centro Nacional de Arqueologia e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (CNA/Iphan) com o trabalho “Terra Preta em Santarém (PA): Usos, percepções e apropriações”, que deu origem ao livro.

 

Possui ainda experiência na área de Comunicação, tendo atuado como jornalista e repórter fotográfico em diversos veículos nacionais e regionais. Foi editor de fotografia do jornal Diário do Pará. Desenvolve um trabalho de documentação fotográfica na Amazônia, registrando sua população e as manifestações diversas de sua cultura.

 

Serviço 

O lançamento do livro “Terra Preta – Passado, Presente e Futuro”, de Edvaldo Pereira, será nesta sexta-feira (30), às 18h30, no estande da Imprensa Oficial do Estado, localizado ao lado da Arena Multivozes, na 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, no Hangar, em Belém.

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