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Defensoria Pública acusa Helder Barbalho de divulgar fake news sobre manifestação indígena no Pará

Indígenas mantém ocupação da Seduc, em Belém, desde 14 de janeiro e pedem revogação de nova lei de ensino

Defensoria Pública acusa Helder Barbalho de divulgar fake news sobre manifestação indígena no Pará Indígenas mantém ocupação da Seduc, em Belém, desde 14 de janeiro Notícia do dia 04/02/2025

DEAMAZÔNIA BELÉM, PA -  A Defensoria Pública da União (DPU) ajuizou, neste domingo (2), ação civil pública (ACP) contra o estado do Pará, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a empresa Meta Platforms, responsável pelo Facebook e Instagram.

 

A ação, protocolada na Justiça Federal, denuncia a propagação de fake news pelo governador Helder Barbalho a respeito da mobilização de comunidades indígenas contra a revogação do Sistema Modular de Ensino Indígena (SOMEI).

 

Desde o dia 14 de janeiro, comunidades indígenas do oeste do Pará ocupam a Secretaria de Educação do Estado (Seduc) em protesto contra a sanção da lei estadual 10.820/2024, que altera o Sistema Modular de Ensino (SOME) e implementa o Sistema Educacional Interativo (SEI), convertendo aulas presenciais em online.

 

Os povos tradicionais também bloqueiam rodovias, como é o caso da BR-163, que liga Santarém, Oeste do Pará, a Cuiabá, capital do Mato-Grosso. As interdições das vias já duram 20 dias.

 

As mudanças impactam diretamente comunidades quilombolas e terras indígenas. Professores não indígenas da rede estadual de ensino também endossam as reivindicações, uma vez que a nova legislação prejudica a carreira do magistério.

 

No entanto, em um vídeo publicado em suas redes sociais em 31 de janeiro, o governador Helder Barbalho classificou o protesto como fruto de "desinformação" e "fake news", afirmando que "jamais existiu e jamais existirá" qualquer intenção de substituir o ensino presencial por aulas remotas.

 

O governador também declarou que "100% das reivindicações indígenas foram atendidas".

 

Declarações inverídicas

A DPU sustenta que tais declarações são inverídicas e representam um ataque à mobilização indígena, podendo incentivar discriminação e xenofobia contra essas comunidades.

 

O órgão argumenta que documentos oficiais comprovam que o próprio secretário de Educação, Rossieli Soares da Silva, afirmou, em agosto de 2024, que haveria a expansão do ensino à distância para comunidades indígenas por meio do Centro de Mídias da Educação Paraense (CEMEP).

 

“O estado do Pará claramente tenta criar uma narrativa para colocar a opinião pública contra o pleito das comunidades indígenas, o que é atentatório à dignidade desses povos”, pontua na ação o defensor regional de direitos humanos no Pará (DRDH/PA), Marcos Wagner Teixeira.

 

A ação também destaca que o Ministério da Educação (MEC) reconheceu não haver amparo legal para o ensino à distância em comunidades tradicionais, reforçando a legitimidade das preocupações indígenas.

 

Pedidos

Na ação, a DPU solicita a exclusão imediata das postagens do governador no Facebook e no Instagram, além do direito de resposta para as comunidades indígenas.

 

A Defensoria também requer que o estado do Pará publique uma retratação no mesmo formato e meio em que as declarações foram divulgadas, corrigindo as informações falsas, especialmente as alegações de que o movimento teria sido motivado por desinformação e de que todas as reivindicações indígenas foram atendidas.

 

Além disso, a DPU pede que a Funai adote todas as medidas administrativas e judiciais cabíveis para proteger a honra e a integridade das comunidades indígenas afetadas por notícias falsas relacionadas à ocupação da Seduc.

 

A Defensoria também requer o pagamento de uma indenização de R$ 10 milhões por dano moral coletivo, valor a ser revertido às comunidades indígenas afetadas.

 

Leia aqui a ação civil pública na íntegra.

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