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Programação especial da UFOPA marca recepção de calouros indígenas e quilombolas

Este ano, 68 alunos indígenas e 75 quilombolas ingressaram na Ufopa

 Programação especial da UFOPA marca recepção de calouros indígenas e quilombolas Recepção dos calouros indígenas e quilombolas. Foto: Comunicação/Ufopa. Notícia do dia 25/03/2019

DEAMAZÔNIA SANTARPÉM, PA - No dia 22 de março de 2019, a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em parceria com os representantes estudantis, promoveu uma programação especial para a recepção dos calouros indígenas e quilombolas que ingressaram este ano na universidade por meio de processos seletivos especiais. Aberto à comunidade acadêmica, o evento, realizado no auditório Pérola da Unidade Amazônia, Campus Santarém, contou com a participação de alunos, técnicos e professores da universidade, além de lideranças indígenas e quilombolas, que juntos promoveram um debate sobre a importância do acesso de indígenas e quilombolas ao ensino superior.

 

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Diversidade: estudantes de diferentes povos, etnias e comunidades fazem parte da Ufopa.

 

Apresentações culturais, roda de conversa, entre outras atividades, marcaram a programação organizada pela Diretoria de Ações Afirmativas (DAA) da Pró-Reitoria de Gestão Estudantil (Proges), em parceria com o Diretório Acadêmico Indígena (Dain), o Centro Acadêmico Indígena da Calha Norte (Caican) e o Coletivo de Estudantes Quilombolas (CEQ). O evento buscou mostrar a diversidade de povos, grupos e etnias que hoje compõem a universidade. “A Ufopa, por meio da Diretoria de Ações Afirmativas, organizou este evento junto com os coletivos dos estudantes indígenas e quilombolas, com total liberdade para eles conduzirem a programação”, explica a diretora de Ações Afirmativas da Ufopa, Terezinha Lira.

 

“Para a nossa universidade é um grande privilégio receber os novos estudantes, em especial os indígenas e quilombolas oriundos dos processos seletivos especiais. É um dia muito emocionante para nós, recebermos esses alunos”, afirma o reitor da Ufopa, Hugo Alex Carneiro Diniz. “Vamos continuar trabalhando não somente no acesso, mas também na integração desses alunos, em todos os nossos processos formativos”.

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Suraras: apresentações de músicas e danças animaram a calourada.

 

“A minha expectativa é que a gente possa buscar o conhecimento junto com a Ufopa, tendo respeito um com o outro, porque assim como viemos para a Ufopa buscar conhecimento, temos muito o que ensinar para a Ufopa”, afirma a caloura Zilma Mota Barbosa, do povo Arapium, que fará o curso de Zootecnia. “Queremos ser valorizados como povos indígenas, pois enfrentamos muitas dificuldades para chegarmos até aqui e agora que já conseguimos, queremos mostrar para a Ufopa a nossa capacidade de aprendizagem”.

 

Ações Afirmativas - Para o ano letivo de 2019, a Ufopa ofertou, por meio de processos seletivos especiais, 81 vagas para alunos indígenas e 77 vagas para quilombolas. Desse total, 68 vagas foram preenchidas pelos indígenas e 75 por quilombolas. “Este também é um momento para, institucionalmente, a gente debater, refletir e pensar sobre o que podemos propor em termos de melhorias para as ações afirmativas da universidade, como os processos seletivos especiais”, afirma Terezinha Lira. “Atualmente a Ufopa possui 443 estudantes indígenas que ingressaram pelo processo seletivo especial, que é a Política de Ações Afirmativas que temos, mas sabemos que esse número é maior porque os indígenas também acessam as vagas da universidade por meio do processo seletivo regular, via Enem. Também temos 270 alunos quilombolas que ingressaram, nos anos anteriores, por meio do processo seletivo especial quilombola”.

 

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Calouros indígenas e quilombolas prestigiaram o evento promovido pela Ufopa em parceria com as representações estudantis.

 

Para o reitor da Ufopa, a presença dos indígenas e quilombolas é de suma importância para a consolidação da universidade, que em 2019 completa dez anos. “Acreditamos em uma universidade que pretende ser a universidade do coração da Amazônia, a maior produtora de conhecimento no interior da Amazônia. Isso não poderá ser realidade sem a presença das comunidades aqui dentro. E não apenas um paradigma de que a universidade vai ensinar, mas essa universidade precisa aprender; e para aprender com essas comunidades, elas precisam estar aqui dentro”, afirma.

 

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Reitor da Ufopa, Hugo Diniz, na mesa de abertura composta por docentes e pró-reitoras.

 

Distante dez horas de barco da sede do município de Oriximiná, a comunidade quilombola de Tapagem, no Alto Trombetas, possui 45 famílias que trabalham com a coleta da castanha, a produção de artesanato e o roçado. “Agora, os mais novos, como eu, estão procurando outras áreas, como a universidade, procurando melhorias, subir na vida”, conta orgulhosa a caloura Yana do Carmo da Silva, de 22 anos, aprovada no curso de Arqueologia. “Estou muito feliz porque há três anos venho tentando entrar na Ufopa. Tentei outros cursos mas não consegui. Como me falaram que a Arqueologia era uma boa opção, me interessei pela área e estou muito feliz de ter conseguido uma vaga no curso”, afirma. Para a estudante, a semana de recepção dos calouros está sendo muito importante para conhecer os colegas e os professores, além do funcionamento da universidade. “Quando a gente chega aqui, chega perdido, não sabe de nada. Já estou me enturmando, já fiz amizades”, revela.

 

“É muito importante a nossa união, entre indígenas e quilombolas. Temos que somar forças”, afirmou, durante o evento, Carlos Caetano, liderança do quilombo de Silêncio, situado no município de Óbidos. “Vim aqui dizer aos calouros que abracem essa causa, essa oportunidade, que nós não tivemos. Isto aqui é uma conquista muito importante dos nossos povos, das comunidades”.

 

 

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